terça-feira, 15 de setembro de 2015

Zwölf.

Às vezes eu olho prum ponto qualquer na parede e me concentro nos meus pensamentos. Eles parecem perceber que chamaram a atenção e começam a andar numa fila ordenada. Heisenberg explica: em nível subatômico, o observador afeta o comportamento do que está sendo observado.

Quando isso acontece geralmente eu concluo que minha mente anda rasa feito uma forma de pizza. São fragmentos de ideias, pedaços de linhas de raciocínio ou uma receita qualquer de comida. Rotas pra ir pra faculdade de ônibus ou atalhos pra chegar em algum canto de carro. Coisas simples, quase simplórias.

Eu devia ter me contentado com isso. Devia ter me contentado com essa... anestesia.

Se antes eu não dormia por causa dos fragmentos e dos pedaços e das receitas quaisquer, agora eu não durmo por sentir como se meus pensamentos estivessem em queda livre.

Heisenberg explica de novo: em nível subatômico, não é possível determinar a velocidade e a posição de um elétron ao mesmo tempo. Sendo assim, se eu sei em qual ponto do abismo eles estão, não consigo saber qual é a velocidade deles. E vice-versa: se sei a velocidade deles, não consigo saber em qual ponto do abismo eles estão.

O problema fundamental é que, pela primeira vez desde que isso acontece, o abismo não tinha na borda uma placa escrita "Depressão".

O problema fundamental é que, agora, na placa está escrito "Futuro". E eu não enxergo a entrada do abismo; os pensamentos estão em toda parte.

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