Em alguns momentos de lucidez eu me dou conta desse impulso que rege minhas atitudes. E ele se dá em duas direções.
Uma delas, a principal, é a do "menos". Eu geralmente me esforço para falar o menos possível, o mais baixo possível. Ocupar o mínimo de espaço possível. Comer o menos possível. Aparecer o menos possível. Existir o menos possível - me reduzir ao mínimo do mínimo que alguém pode ser (com sorte, chegar ao nível de ~respirar apenas~, imóvel). Nesses momentos chego a me surpreender por ser visível.
A outra - oposta, por assim dizer - é a que afirma que sim, eu existo, e sou enorme e criadora e capaz e maior que tudo. Essa geralmente fica restrita às minhas fantasias silenciosas. Mas de vez em quando consegue escapar, e é enorme e barulhenta - e me incomoda, e me seduz.
Eu sinceramente prefiro a estabilidade silenciosa da primeira, plácida e quietinha.
Mas por que insisto tanto em sonhar com a segunda?