Esses olhos que me encaram de volta também são meus.
Mais uma sala asséptica e climatizada, branca e iluminada, mas desta vez não é a sala de emergência. Não, não desta vez.
É somente um espelho com moldura simples, e se eu me aproximar posso tocar a mesma carne que me toca. Posso senti-la. Como se fizesse parte de mim. Como se não fizesse.
E eu toco. E olho. E quando vejo algo que não deveria estar lá, mas está, eu apenas me afasto.
Desvio os olhos e toco de leve, muito de leve, a mão que me alcança.
É só mais uma escolha. Outra entre tantas. Outra de muitas. Outra que nunca irá se repetir.
Eu respiro fundo e encaro o espelho de volta.